sim, é mais uma.
eu lembro-me daquele dia em especial, e vou lembrando-me todos os dias ao longo destes belos anos que passei contigo. lembras-te daquele meu vestidinho vermelho, quando tiramos uma fotografia junto ao carro? estavas a segurar-me na mão, como sempre fizeste. 15 anos contigo? pouco, muito pouco tempo avô. por mim, passava o resto da minha vida, queria poder ter-te sempre ao meu lado, como sempre me habituas-te. de todas as vezes que me ias buscar ao colégio, e pelo caminho apanhavas uma rosa pequenina e me punhas no cabelo. gostava de me fingir de cansada depois de um longo dia de aulas, para ir todo o caminho sentada nos teus ombros. gostava de te irritar, porque resmungavas muito comigo e logo a seguir pedias desculpas por teres levantado um pouco o tom de voz. hoje, sinto-me completamente desgastada por chorar em teu sofrimento. gostava de ser forte e pelo menos mostrar-te que acredito na tua coragem. sinto-me inútil e afogada em arrependimento, por só agora me aperceber da importância que tens, da falta que me vais fazer e do bem que já me fizeste. por todas as vezes que te faltei ao respeito, desculpa! desculpa por me sentir arrependida e fraca. desculpa por não ter sido capaz de te mostrar que és o melhor avô do mundo e que é em ti que deposito toda a minha confiança. desculpa e obrigada por ao longo de 15 anos, me teres feito sentir a melhor neta do mundo, por mais erros que tenha cometido. hoje, podes não me ouvir, podes não ter a percepção da minha presença, mas sentes que te amo incondicionalmente e sem qualquer duvida de que o facto de te ter conhecido me tornou mais forte, e o facto de te ver partir aos poucos me faz crescer, me ajuda a corrigir os meus erros, mas acima de tudo, admitir que os cometi. não é a mente de uma inocente que escrever isto, é uma consciência ciente do que diz, ciente do que sente e ciente de toda a realidade a que estamos sujeitos. a vida tem um lema? aparentemente sim, um lema injusto e absurdo: nascer, viver, morrer. até agora, até eu era capaz de pensar assim. mas, como em tudo na vida, a minha opinião mudou. mudou graças aos teus actos, graças a tudo o que fizeste ao longo da tua carreira. quer fiques ou vás, quer estejas comigo ou não, eu vou sempre lembrar-me de que foste tu quem me ensinou a viver assim, lembrar-me que foi contigo que fiz as minhas primeiras traquinices e lembrar-me de ti avô, com o maior orgulho do mundo. estão lágrimas a escorrer pelo meu rosto, e é agora que te digo: toma bem conta de mim, olha para mim e faz-me brilhar, como a pequena estrela que todas as noites me mostravas.
eternamente, MELHOR AVÔ DO MUNDO!
lá ou cá, estarás sempre entre nós.
ao longo da vida, caiem nos pedrinhas em cima, ficamos desamparados, e sim temos medo, muito medo. Mas pedrinhas cairão sempre, faz parte da vida, onde o nosso dever é juntar todas essas pedrinhas para um dia podermos construir um castelo! força :')
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