setembro 18, 2010

mais uma lição de moral?

sim, é mais uma.
eu lembro-me daquele dia em especial, e vou lembrando-me todos os dias ao longo destes belos anos que passei contigo. lembras-te daquele meu vestidinho vermelho, quando tiramos uma fotografia junto ao carro? estavas a segurar-me na mão, como sempre fizeste. 15 anos contigo? pouco, muito pouco tempo avô. por mim, passava o resto da minha vida, queria poder ter-te sempre ao meu lado, como sempre me habituas-te. de todas as vezes que me ias buscar ao colégio, e pelo caminho apanhavas uma rosa pequenina e me punhas no cabelo. gostava de me fingir de cansada depois de um longo dia de aulas, para ir todo o caminho sentada nos teus ombros. gostava de te irritar, porque resmungavas muito comigo e logo a seguir pedias desculpas por teres levantado um pouco o tom de voz. hoje, sinto-me completamente desgastada por chorar em teu sofrimento. gostava de ser forte e pelo menos mostrar-te que acredito na tua coragem. sinto-me inútil e afogada em arrependimento, por só agora me aperceber da importância que tens, da falta que me vais fazer e do bem que já me fizeste. por todas as vezes que te faltei ao respeito, desculpa! desculpa por me sentir arrependida e fraca. desculpa por não ter sido capaz de te mostrar que és o melhor avô do mundo e que é em ti que deposito toda a minha confiança. desculpa e obrigada por ao longo de 15 anos, me teres feito sentir a melhor neta do mundo, por mais erros que tenha cometido. hoje, podes não me ouvir, podes não ter a percepção da minha presença, mas sentes que te amo incondicionalmente e sem qualquer duvida de que o facto de te ter conhecido me tornou mais forte, e o facto de te ver partir aos poucos me faz crescer, me ajuda a corrigir os meus erros, mas acima de tudo, admitir que os cometi. não é a mente de uma inocente que escrever isto, é uma consciência ciente do que diz, ciente do que sente e ciente de toda a realidade a que estamos sujeitos. a vida tem um lema? aparentemente sim, um lema injusto e absurdo: nascer, viver, morrer. até agora, até eu era capaz de pensar assim. mas, como em tudo na vida, a minha opinião mudou. mudou graças aos teus actos, graças a tudo o que fizeste ao longo da tua carreira. quer fiques ou vás, quer estejas comigo ou não, eu vou sempre lembrar-me de que foste tu quem me ensinou a viver assim, lembrar-me que foi contigo que fiz as minhas primeiras traquinices e lembrar-me de ti avô, com o maior orgulho do mundo. estão lágrimas a escorrer pelo meu rosto, e é agora que te digo: toma bem conta de mim, olha para mim e faz-me brilhar, como a pequena estrela que todas as noites me mostravas.
eternamente, MELHOR AVÔ DO MUNDO! 
lá ou cá, estarás sempre entre nós.

1 comentário:

  1. ao longo da vida, caiem nos pedrinhas em cima, ficamos desamparados, e sim temos medo, muito medo. Mas pedrinhas cairão sempre, faz parte da vida, onde o nosso dever é juntar todas essas pedrinhas para um dia podermos construir um castelo! força :')

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